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Confissão Positiva. Doutrina ou Heresia?

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Origem e Difusão da Ideia

A chamada confissão positiva nasceu no século XIX com Phineas Quimby, um influenciador do movimento do Novo Pensamento (New Thought). Ele acreditava que a mente humana possui poder intrínseco para moldar a realidade e curar doenças.

Posteriormente, essa ideia foi adaptada por Essek William Kenyon, que misturou elementos do Novo Pensamento com termos cristãos. No século XX, Kenneth Hagin popularizou essa teologia, fundando a Escola Rhema e tornando-se pai do movimento “Word of Faith” (Palavra da Fé). Daí surgiram outros pregadores como Kenneth Copeland, Benny Hinn e outros televangelistas que espalharam esse ensino.

Hoje, a confissão positiva é conhecida como a “Lei da Atração Gospel”, na qual se acredita que palavras têm poder criativo intrínseco e que o homem pode decretar bênçãos ou maldições.

Princípios da Confissão Positiva

O poder está na palavra do homem: declarações moldam a realidade.

Fé na fé: a confiança está na própria declaração, não em Deus.

Deus como refém: o Criador se torna dependente da palavra da criatura.

Esses princípios contrariam o ensino bíblico de que só Deus cria pela sua Palavra (Gn 1:1-3; Hb 11:3).

O que a Bíblia realmente ensina?

Só Deus cria pela Palavra.

“No princípio, criou Deus os céus e a terra… Disse Deus: haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1:1-3)

O termo hebraico “bará” (criar do nada) nunca é usado para o homem, mas somente para Deus.

O homem não decreta nada diante de Deus.

“O coração do homem faz planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor.” (Provérbios 16:1)

“Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá.” (Provérbios 19:21)

A verdadeira fé é submissão, não imposição

“Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lucas 22:42)

Até Jesus, o Filho, orou em submissão ao Pai, e não decretando.

Palavras têm consequência, mas não poder criativo autônomo

“A morte e a vida estão no poder da língua.” (Provérbios 18:21)

Esse texto é frequentemente usado pelos defensores da confissão positiva, mas o contexto mostra que trata da responsabilidade ética das palavras (mentira, fofoca, ofensa, etc.), não de criar realidades metafísicas. Jesus diz que o homicida é aquele que usa das palavras para destruir seu próximo.

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem disser a seu irmão: Raca [um insulto], estará sujeito ao sinédrio; e quem lhe disser: Louco, estará sujeito ao fogo do inferno.” (Mateus 5:21-22)

Aqui Jesus mostra que palavras ofensivas, de desprezo ou ira, são formas de assassinato moral e espiritual. João também reforça essa ideia em sua carta:

“Todo aquele que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” (1 João 3:15)

Ou seja: diante de Deus, palavras destrutivas podem ter peso semelhante ao ato de homicídio, pois revelam um coração que mata em ódio.

O verdadeiro contentamento não depende de decretos humanos

“Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome; tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:12-13)

Paulo não decretava prosperidade; ele aprendeu contentamento em Cristo.

Exemplos Bíblicos que refutam a Confissão Positiva

: Justo e íntegro, não decretou suas bênçãos nem impediu suas perdas, mas declarou: “O Senhor o deu, o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21).

Paulo: Orou três vezes pela cura do “espinho na carne”, mas recebeu a resposta: “A minha graça te basta” (2 Coríntios 12:9).

Jesus: No Getsêmani, não decretou a remoção do cálice, mas se submeteu ao Pai (Lc 22:42).

O Combate à Confissão Positiva


João Calvino

Calvino afirmou que a oração cristã é sempre dependência da soberania de Deus:

“A oração é a expressão de nossa dependência, não de nosso poder.” (Institutas, III, XX).

Martinho Lutero

Lutero combateu qualquer tentativa de manipular Deus:

“Oramos não para dobrar a vontade de Deus à nossa, mas para que a nossa vontade seja dobrada à d’Ele.”

John Piper (pastor e teólogo contemporâneo)

Piper denuncia a confissão positiva como “um evangelho centrado no homem, não em Cristo”, que transforma fé em técnica de autopoder.

Augustus Nicodemus

Nicodemus chama a confissão positiva de “misticismo pagão” infiltrado no cristianismo, afirmando que “Deus não é refém da palavra humana, mas nós é que dependemos da sua Palavra revelada”.

Consequências da Confissão Positiva

  • Cristão neurótico: teme até palavras comuns, como se tudo fosse decretar maldição. Seu eu disser que acordei profundamente triste, o cristão neurótico vai gritar: “não diga isso, nem de brincadeira, se não você terá um dia triste”. Isso é neuróse, você não vive uma situação por falar sobre ela. Se assim fosse, eu diria todo dia: “minha conta bancária tem um milhão de reais”. E da mesma forma de pensamento eu deveria ter um milhão na conta no final do dia.
  • Fé no homem – desloca a confiança de Deus para a própria declaração. Isso chega a beirar uma blasfêmia.
  • Deus reduzido – transforma o Senhor em um servo dos caprichos humanos. Um desvio doutrinário de Jesus e dos apóstolos.
  • Frustração espiritual – quando os decretos não se cumprem, a culpa recai sobre a suposta “falta de fé” da pessoa. Isso é uma desgraça que tem levado muitos crentes a abandonarem a fé.

Conclusão

A confissão positiva não tem base bíblica nem apoio histórico na fé reformada.

  • Somente Deus cria pela sua Palavra.
  • O homem não decreta nada, mas se submete.
  • A verdadeira fé confia no caráter e na soberania do Senhor, não em fórmulas mágicas.

Portanto, longe de ser fé genuína, a confissão positiva é uma forma de soberba espiritual, uma tentativa de inverter papéis entre Criador e criatura. O chamado bíblico é claro: “Sede transformados pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2), não por decretos humanos, mas pela Palavra eterna de Deus.

Espero que esse estudo tenha trazido luz ao seu entendimento e você seja liberto definitivamente da escravidão de misticismos religiosos.

Um Alerta

Trate com amor seu irmão que ainda vive escravizado pelas amarras dessa confissão positiva. Não seja agressivo. Mas se um dia você tiver tempo, sente com ele e a luz das Escrituras mostre a verdade, pois somente a verdade pode libertar.

Espero que esse e-book tenha edificado sua vida, e te vejo no próximo Papo com Deus.

Pr. Max Mendes
Fundador do Instituto Bíblico Discipular do Canal do Youtube Papo com Deus e o Projeto Mapa do Reino

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